Existente desde a década de 80, a Kizomba é uma dança africana que, nos últimos anos, tem conquistado a alma dançante de muitos pares em pistas e discotecas de todo o mundo. Com passos, ritmos e música muito própria, quem sabe dançar Kizomba não quer outra coisa e quem não sabe, só quer aprender!
Uma história cantada e dançada
Kizomba é um termo que deriva de outra terminologia angolana “Kimbundo” e que significa "festa", por isso mesmo, a Kizomba está intimamente ligada à festa do povo negro que resistiu à escravidão. Essas festas eram um grito de liberdade, mas também momentos de grande confraternização. Não é de estranhar então que a dança Kizomba tenha sido introduzida às massas por uma banda angolana pertencente às Forças Armadas Popular de Libertação de Angola (FAPLA). Corria o ano de 1989. No entanto, a Kizomba como a conhecemos hoje vinha sendo construída há já algum tempo, fruto da fusão entre vários géneros musicais e passos de dança já existentes em África. Uma verdadeira miscelânea de estilos dançantes, é impossível falar na Kizomba sem falar nas danças tradicionais que lhe antecederam e influenciaram: Semba (o antecessor da Samba), Zouk (proveniente das Antilhas), Coladeira, Colá-Zouk, Maringa, Kabetula, Kazukuta, Caduque e Rebita, sem esquecer as grandes escolas do Tango, Plena o Merengue, que também contribuíram para a solidificação da Kizomba. Foram estes os estilos – também conhecidos como “Umbigadas” devido aos seus movimentos sensuais – que marcaram as pistas de dança de Angola entre as décadas 50 a 70. A título de curiosidade, a palavra “Kizombadas” já circulava nessa altura, sendo utilizada para descrever as “grandes farras com os amigos”.
O boom
Ao ouvirem as músicas tradicionais como o Semba e o Zouk, as gerações mais novas de Angola sentiam que faltava qualquer coisa neste ritmo, que foi rapidamente modernizado com a introdução das caixas rítmicas drum-machine, um instrumento musical electrónico que permite imitar os sons de baterias ou outros instrumentos de percussão. O resultado foi a composição de um ritmo mais lento e muito sensual: a Kizomba que conhecemos hoje. Explosiva e contagiante, a Kizomba conquistou o mundo enquanto som que fica no ouvido e uma dança que seduz a alma. Actualmente, a Kizomba está em todo o lado.
Fortes ligações
Com uma ligação forte a Portugal – as músicas da Kizomba são maioritariamente cantadas em português e têm sido alvo de um sucesso estrondoso muito próprio. Em Cabo Verde, porém, a maioria das Kizombas são cantadas em crioulo e são conhecidas como “passada”. A Kizomba de S. Tomé e Príncipe é muito semelhante à angolana.
Como se dança
Existem três maneiras de dançar Kizomba: “passada” (estilo clássico), “tarraxinha” e “quadrinha”. Idealmente dançada em pares existe, no entanto, a Kizomba acrobática, normalmente executada por dois homens. Extremamente íntima, a Kizomba proporciona uma enorme cumplicidade entre homem e mulher, sendo dançada com grande proximidade, com movimentos lentos, sensuais e insistentes. Requer bastante flexibilidade de joelhos, uma vez que os dançarinos recorrem a movimentos verticais frequentes, alternando entre o sobe e desce das pernas. Uma experiência quente e única, que vai querer repetir vezes sem conta…